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21/12/2018 11:03h - Porto Velho - Andrey Cavalcante

“A arte de conviver”, por Andrey Cavalcante

Andrey Cavalcante - presidente da OAB/RO

Enquanto neurocientistas, psicanalistas, filósofos e uma infinidade de estudiosos se debruçam na busca de soluções para toda essa enormidade de angústias, frustrações e ansiedades que literalmente dominam hoje a humanidade, prefiro optar pela indicação de caminhos mais simples e com certeza eficazes, apesar do risco de ser apontado como reducionista. É claro que não se devem aplicar soluções simples a problemas complexos. Mas não há complexidade alguma na construção do futuro alicerçada em valores consolidados desde tempos imemoriais da sociedade humana. E o principal deles está na hoje até desdenhada “célula mater”: a família, cuja desagregação está na origem da maioria dos problemas que hoje afligem o ser humano, mobilizam filósofos e neurocientistas. E enriquecem psicanalistas. Além de estimular uma produção sem precedentes de tolices. À conta desse atrevimento filosófico, não deixei passar a oportunidade de reverenciar minha família na posse administrativa da nova diretoria executiva da Seccional Rondônia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RO), eleita para o triênio 2019/2021. A enorme satisfação profissional e pessoal por estar ali na celebração da entrega ao ilustríssimo advogado Elton José Assis a presidência que me foi confiada por seis anos pela advocacia rondoniense. O orgulho de ter colaborado na condução de uma equipe extremamente competente de advogados para ocupar a diretoria da Seccional, do Conselho Seccional, da Caaro e das 18 Subseções da OAB Rondônia pelos próximos três anos complementa tão elevada carga de júbilo. Tudo isso emoldura adequadamente a homenagem e os agradecimentos devidos a meus familiares. A começar por meu avô Enéas, cuja presença, sempre forte, se perpetua a cada nova conquista, juntamente com vovó Inácia, minha mãe Lourdinha e meu irmão Rehnan – um diamante lapidado por Deus, um anjo na sua imensa bondade, a joia mais preciosa da nossa família. Meu avô era natural de Manicoré\AM. Nasceu em 1914 e instalou-se, no território na década de 40, para aqui permanecer até o falecimento, em 90. Homem de traços fortes, característica marcante dos amazônicos, extremamente ligado as suas raízes. Altivo, destemido e batalhador. Não tinha papas na língua: era verdadeiro e sincero. Mas era dotado, acima de tudo, de uma invejável capacidade de amar, revelada em cada abraço, bem como nos momentos difíceis, os a cada lágrima derramada. Mário Quintana, poeta e escritor que escreveu tanto sobre a vida, disse que a arte de viver é simplesmente a arte de conviver. Ninguém assimilou tão bem esse ensinamento quanto avô Enéas. Mesmo vivendo em condições tão adversas, numa época em que nossa região era um grande isolamento das civilizações, rompeu fronteiras, combateu o bom combate. São vinte e oito anos de muita saudade. Mas parece que o tempo não passou, porque ainda lhe vejo à minha frente abraçando, perdoando, manifestando o seu amor, como um grande protetor e defensor de nossa família. Não há como evitar que seja externada minha emoção em momento tão significativo de minha existência. Até pela oportunidade de manifestar minha mais profunda gratidão: Muito obrigado, meu avô, por tanto amor, dedicação e devoção. Amamos-te muito e nossa gratidão será eterna, guardada para sempre na nossa lembrança. Em sua memória manifesto também toda a minha gratidão à minha família, pelo apoio, carinho e paciência, verdadeira base de sustentação nos seis anos desta maravilhosa quadra de minha vida. Acredito que, do ponto de vista da administração da justiça, 2018 chega ao fim com seguros indicativos de profundas transformações. A oportunidade histórica eleva a pressão para o surgimento de respostas rápidas para os clamores por uma justiça mais eficiente, mais igualitária, mais humanizada. Cada advogado é fundamentalmente um servidor do povo, escravo de uma justiça que deve estar sempre voltada para a transformação de nosso país em uma democracia real; uma democracia que possa acabar com as longas cadeias de desigualdade e opressão que ainda imperam em muitos dos nossos rincões. Muitos dos que estão aqui hoje, e muitos daqueles que por aqui passaram, dignificando sua história, trabalham ou trabalharam intensamente para que chegássemos aos indicadores de civilidade que hoje nos permitem afirmar que o futuro não é mera fantasia. O advogado, antropólogo, sociólogo e filósofo francês judeu de origem sefardita Edgar Nahoum, que assina Edgar Morin também avalia a perspectiva de mudanças, mas adverte: “O homem é, ao mesmo tempo, um ser físico, químico, cerebral, mental, espiritual, social e cultural. Mas é estudado de maneira fragmentada: a física, a química, a biologia, o cérebro, o espírito, a cultura e a sociedade, a psicologia, etc. Ora, em realidade essa separação não nos permite de compreender a complexidade humana”. Ele propõe uma mudança de enfoque para atender à forte demanda por mudanças na realidade atual. Mas é fundamental a sensibilidade para a manutenção de parâmetros éticos e morais que nos foram ensinados pela família e pelos quais sempre nos pautamos aqui. Em nome da enorme comunidade de juristas advogados de Rondônia, e imbuídos de forte espírito de cooperação, desejamos aos novos gestores da OAB Rondônia pleno sucesso no desempenho da tarefa que lhes é agora confiada.

Fonte: Andrey Cavalcante

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