Cafu completa 50 anos e fala pela 1ª vez sobre morte do filho

Um dos maiores jogadores da história do futebol, Cafu completou neste domingo 50 anos. O ex-jogador de São Paulo, Palmeiras, Roma, Milan e seleção brasileira (com quem ganhou duas Copas do Mundo, uma delas sendo o capitão) afirmou porém que não terá uma celebração das maiores para a data. Em carta publicada no site do comitê organizador do Mundial do Catar 2022 (do qual é embaixador), o ex-lateral falou pela primeira vez sobre a morte do filho Danilo, em setembro de 2019, enquanto jogava futebol na casa do pai. Cafu fala do "sentimento de vazio" e de por que decidiu contar sobre a perda. "Hoje, eu chego aos 50 anos. Um aniversário marcante, mas será uma celebração muito diferente neste ano. Por causa da atual pandemia, eu estarei longe de muitos daqueles que são próximos a mim. E após um ano em que eu nunca poderia ter imaginado no meu pior pesadelo, sinto como se hoje fosse um bom momento para falar sobre e confrontar as emoções da perda que milhões de nós ao redor do mundo estamos sentindo", começa. "Nós todos temos dias em nossas vidas que nunca esqueceremos. Nosso casamento, os nascimentos de nossas crianças, e para a sorte de poucos - ganhar a Copa do Mundo para seu país. Memórias gloriosas que ficam conosco para sempre. Mas nós também temos dias que nunca podemos esquecer por outras razões; dias que nós não podemos explicar e momentos de tragédia inexplicável que você não pode planejar, evitar ou prevenir". "Em 4 de setembro de 2019, Deus levou meu filho, Danilo Feliciano de Morais. Ele tinha só 30 anos de idade. Alguns eventos neste mundo são inexplicáveis. Não há rima ou razão. Eu perdi meu filho nos meus braços. Eu tentei salvá-lo e ajuda-lo, mas ele nos deixou. Foi - e ainda é - um sentimento de vazio; é uma sensação terrível. Às vezes nos sentimos desamparados. Nós nos sentimos tão fortes em nossos corpos e nossas cabeças, mas em um momento como esse sua força física não significa nada. Não ajuda. Quando você não pode salvar seu próprio filho, você se sente incrivelmente fraco", continua. "Mas Deus o levou, e estou certo de ele está muito bem onde está agora. Ele está olhando por nós e rindo de cima de tudo o que nós estamos fazendo aqui embaixo. Eu rezo para que nenhum outro pai e mãe experimente esse coração partido. Um pai nunca deveria enterrar seu próprio filho". "Até hoje, eu não tinha falado publicamente sobre esse trágico incidente e apesar de eu não ter a intenção de entrar em detalhes sobre os eventos daquele dia ou dos dias, semanas e meses seguintes após sua morte, eu sinto que é o momento certo para falar sobre certas coisas. Eu sinto isso como outras milhões de pessoas ao redor do mundo - e aumentando a cada dia em meu amado Brasil - estão sofrendo sensações similares de perda repentina. Eu quero relatar e dividir", diz o duas vezes campeão do mundo. Cafu cita o atual momento da pandemia de COVID-19, o isolamento social, as mortes causadas pelo vírus e as pessoas que não conseguem se despedir dos que se foram. "A dor de perder uma pessoa amada está sempre presente. No entanto, nós sempre devemos tentar lembrar das coisas positivas. Quando eu penso no Danilo, me lembro que o que ele mais adorava era fazer brincadeiras com as pessoas. Então, quando eu sinto a dor de perdê-lo, sempre tento me lembrar desses bons momentos e do sorriso. É assim que nós acabamos lidar com sua perda de uma maneira mais positiva", conta. "Como eu digo a mim mesmo todos os dias quando tive meus problemas no ano passado, esta dor e negatividade não vão durar para sempre. Apesar de ter certeza de que nós nunca vamos esquecer esse momento, ele vai passar. E quando tudo isso acabar e nós retornarmos à vida normal nós iremos, com certeza, apreciaremos as pequenas coisas que tínhamos por certo muito mais".