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14/02/2020 08:19h - Estados Unidos - Mundo

Brasileiro com visto barrado em aeroporto nos EUA é deportado e conta sua história

João havia ficado cinco meses nos EUA em 2019, voltou no dia 31 de janeiro deste ano; ele acabou admitindo para o oficial que trabalhou com visto de turista

Quando o brasileiro João* (nome trocado a pedido do entrevistado), de 50 anos, foi ao consulado dos Estados Unidos em São Paulo com a esposa e a filha, ele estava bem empregado e os três conseguiram o visto de turista com facilidade. A ideia era vir para os EUA passear e levar a filha na Disney em Orlando. Os planos mudaram quando João, que vive com família no interior de São Paulo, perdeu o emprego e se viu completamente perdido. “Quatro meses depois de tirar o visto de turista eu perdi o emprego. Eu estava com a cabeça quente e minha esposa sugeriu: por que você não vai para os Estados Unidos ver como é? Quem sabe você tem uma ideia”, contou João, que comprou passagem para Los Angeles e embarcou em junho do ano passado. “Quando cheguei a Los Angeles, entrei no Facebook em grupos de brasileiros e acabei sendo convidado para trabalhar na Pensilvânia. Eu sabia que o visto de turista não me dava o direito de trabalhar, mas resolvi arriscar. Fui para uma cidade na região de Pittsburgh (PA), aluguei um quarto por $370 e comecei a trabalhar com instalação de pisos e azulejos, ganhando $150 por dia, de segunda a sábado”, relata. Ele afirma ter ficado surpreso por ter encontrado tantas oportunidades de trabalho, mesmo não tendo documentos para trabalhar legalmente. “Eu comprei uma caminhonete, comecei a juntar dinheiro e em uma semana, eu passei a ganhar o que eu não ganhava trabalhando no Brasil em um mês”. João também abriu conta em banco. Os meses foram se passando e João tinha certeza de que não gostaria de ultrapassar a permanência do visto. “Eu não me sentia confortável sabendo que estava fazendo algo contra a lei e decidi voltar depois de cinco meses e 18 dias nos Estados Unidos. Voltei com dinheiro suficiente para passar cinco meses sem trabalhar”. No dia 5 de dezembro de 2019 ele embarcou de volta ao Brasil. Volta para os EUA e visto cancelado Com pouco mais de um mês que havia retornado dos EUA, João decidiu que voltaria para comprar mercadorias para revender no Brasil, em lojas como Ross, TJ Maxx, Marshalls, e assim, conseguir uma renda, até arranjar um novo trabalho. Ele então comprou passagem e embarcou no dia 1º de fevereiro para Fort Lauderdale (FL) onde, segundo ele, passaria dez dias e voltaria com as compras. “Ao chegar no aeroporto, eu já fui selecionado para ser entrevistado pela imigração. Eles me fizeram uma série de perguntas e já sabiam que eu tive conta em banco, que tinha alugado quarto, que tinha comprado carro. Eu não sei mentir, acabei confessando que trabalhei”. João foi honesto com os agentes e relatou que sabia que o visto de turista não lhe dava o direito de trabalhar. O agente de imigração, então, disse que ele seria mandado de volta para o Brasil. “Eles foram muito educados comigo, não tenho do que reclamar. Passei 24 horas no aeroporto, me trataram bem, confiscaram meu celular e documentos, mas me deixaram ligar para minha esposa”. No dia seguinte, João foi mandado de volta para o Brasil. Seus documentos ficaram com o piloto e só foram entregues no desembarque. Ele também foi escoltado por agentes até a porta do avião, mas nada disso o deixou abalado. O brasileiro teve o visto cancelado. Segundo a advogada de imigração Renata Castro, ele até pode pedir um waiver (perdão) denominado Hranka Waiver, mas é muito difícil de ser aprovado. A advogada ressalta que os vistos da esposa e filha não sofrem qualquer tipo de restrição, já que elas não embarcaram, mas o fato de ele ter tido a entrada negada pode, sim, prejudicar a vinda das duas. “Tenho visto brasileiros sendo barrados todos os dias em aeroportos, está muito comum. As situações mais comuns é que elas vêm com visto de turista com intenção de trabalhar e isso é proibido. No caso dele, é bem claro que ele teve o visto cancelado e a entrada negada porque trabalhou por cinco meses com visto de turista. Os agentes têm a vida toda da pessoa na tela do computador”. Para finalizar, ele afirma que não se arrepende por ter sido honesto com os agentes e espera um dia conseguir voltar com a esposa e a filha, que vai fazer 15 anos daqui a dois anos, para conhecer a Disney.

Fonte: ACHEIUSA

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