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11/08/2022 22:45h - Ucrânia - Mundo

Imagens de satélite mostram destruição de base militar russa na Crimeia

Explosões atingiram base de Saki, na Crimeia. Kiev não assume nem nega autoria, e Moscou alega acidente. Para analistas, ataque sugere capacidade poderosa da Ucrânia, com implicações que poderiam mudar o curso da guerra.

Imagens de satélite de uma empresa independente divulgadas nesta quinta-feira (11/08) mostram a devastação em uma base aérea militar russa na Crimeia ocupada, atingida por explosões na terça-feira. A Ucrânia não assumiu oficialmente a autoria do ataque – mas não negou. Já a Rússia disse se tratar de um acidente. Especialistas militares ocidentais, no entanto, acreditam que a escala dos danos e a aparente precisão do ataque sugerem uma nova e poderosa capacidade de Kiev, com implicações potencialmente importantes que poderiam mudar o curso da guerra. As fotos da empresa americana Planet Labs mostram três crateras quase idênticas na base aérea russa de Saki, a cerca de 300 quilômetros do batalhão militar ucraniano mais próximo. "Oficialmente, não estamos confirmando ou negando nada. Existem vários cenários para o que pode ter acontecido, tendo em mente que houve vários epicentros de explosões exatamente ao mesmo tempo", disse o assessor presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak à agência de notícias Reuters. A base, na costa sudoeste da Crimeia, sofreu graves danos causados ​​por fogo. Carcaças queimadas de pelo menos oito aviões de guerra podem ser vistas claramente nas imagens. A Rússia negou que as aeronaves tenham sido danificadas e disse que as explosões foram acidentais. A versão do Kremlin é que um acidente provocou a explosão de artefatos bélicos ali armazenados – uma explicação que não fez sentido para analistas militares, que acreditam ter havido um ataque com mísseis ucranianos. Moscou anexou a Crimeia em 2014 e usa a península como base para sua frota do Mar Negro e como principal rota de abastecimento para suas forças invasoras que ocupam o sul da Ucrânia, onde Kiev planeja uma contraofensiva nas próximas semanas. O que pode ter ocorrido As circunstâncias exatas do ataque permanecem um mistério. Algumas autoridades ucranianas foram citadas sugerindo que pode ter havido sabotagem por infiltrados. Mas as crateras de impacto quase idênticas e as explosões simultâneas indicam que o local foi atingido por uma saraivada de armas capazes de escapar das defesas russas. A base está muito além do alcance de foguetes avançados que os países ocidentais reconhecem oficialmente ter enviado para a Ucrânia – mas dentro do alcance das versões mais poderosas pedidas por Kiev. Além disso, a Ucrânia também conta com mísseis antinavio que, teoricamente, poderiam ser usados ​​para atingir alvos em terra. O Instituto para o Estudo da Guerra, sediado em Washington, disse que as autoridades ucranianas estão enquadrando o ataque na Crimeia como "o início da contraofensiva da Ucrânia no sul, sugerindo que os militares ucranianos esperam intensos combates em agosto e setembro que podem decidir o resultado da próxima fase da guerra". O conselheiro presidencial ucraniano Oleksiy Arestovych disse de forma enigmática que as explosões foram causadas ou por uma arma de longo alcance ucraniana ou por um ato de guerrilha de ucranianos na Crimeia. Uma alta autoridade militar da Ucrânia com conhecimento sobre o incidente afirmou ao jornal The New York Times, sob anonimato, que as forças ucranianas estão por trás do ataque à base aérea russa. "Essa era uma base aérea a partir da qual aviões regularmente decolavam para atacar nossas forças que operam no sul [da Ucrânia]." Ele não informou que tipo de arma foi usada no ataque, mas disse que se tratava de "um dispositivo de fabricação exclusiva ucraniana". Ataque com mísseis antinavio Oleh Zhdanov, analista militar sobre a Ucrânia, afirmou à agência de notícias AP que Kiev, oficialmente, mantém o silêncio sobre o tema, "mas extraoficialmente os militares reconhecem que foi um ataque ucraniano". Zhdanov disse que o ataque pode ter sido executado com mísseis antinavio ucranianos do tipo Netuno – os mesmos que, segundo Kiev, atingiram o navio mais importante da Marinha russa no Mar Negro, o cruzador de mísseis Moskva, que afundou após o ataque em abril. Outra opção seriam os mísseis antinavio do tipo Arpão, fornecidos por países do Ocidente. Os sistemas de lançamento de mísseis Himars, fornecidos pelos Estados Unidos à Ucrânia, poderiam em tese atingir alvos a até 300 quilômetros, mas Washington afirma que tem fornecido a Kiev apenas mísseis de menor alcance, de até 92 quilômetros, para evitar que a Ucrânia ataque alvos em território russo. O Instituto para o Estudo da Guerra disse que não podia determinar independentemente o que provocou as explosões, mas observou que explosões simultâneas em dois lugares da base provavelmente descartam a hipótese de incêndio acidental, mas não uma sabotagem ou um ataque com mísseis. E acrescentou: "O Kremlin tem pouco incentivo para acusar a Ucrânia de realizar ataques que causaram os danos, já que tais ataques demonstrariam a ineficácia dos sistemas de defesa aérea russos". Nova fase As tropas ucranianas expulsaram as forças russas da capital Kiev em março e, em maio, dos arredores de Kharkiv, a segunda maior cidade do país. A Rússia então se concentrou no leste ucraniano e capturou mais alguns territórios em enormes batalhas que mataram milhares de soldados de ambos os lados em junho. Desde então, as linhas de frente estão praticamente estáticas. Kiev diz que prepara uma contraofensiva para recapturar as regiões sul de Kherson e Zaporíjia. A Rússia, por sua vez, reforçou a defesa dessas regiões, mas depende de linhas de abastecimento para suas forças. Kiev espera que a chegada no mês passado de sistemas de foguetes dos EUA capazes de atingir alvos além da linha de frente possa pender a balança a seu favor. Até agora, o Ocidente havia adiado o fornecimento de mísseis de longo alcance que poderiam atingir a Rússia ou bases de Moscou na Crimeia anexada. A Crimeia é muito popular entre turistas russos como destino de férias de verão, e diversos foram surpreendidos pelas explosões e compartilharam em redes sociais vídeos de grandes nuvens de fumaça acima da base aérea nesta semana. le (AP, Reuters, DPA, ots) /

Fonte: DW

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