Israel intensifica ataques ao Irã após míssil atingir hospital
Netanyahu prometeu retaliação, e o governo israelense acusa o Irã de crimes de guerra e ameaça crescente - Foto: Divulgação
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou nesta quinta-feira (19) que o Exército israelense recebeu ordens para ampliar os bombardeios contra “alvos estratégicos” no Irã, incluindo pontos do governo em Teerã. A justificativa, segundo ele, é neutralizar ameaças à segurança do país e enfraquecer o regime iraniano.
“O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e eu instruímos as Forças de Defesa de Israel a intensificar os ataques contra alvos estratégicos no Irã e contra estruturas governamentais em Teerã. O objetivo é eliminar as ameaças ao Estado de Israel e minar o regime dos aiatolás”, declarou Katz em comunicado oficial.
A escalada de tensão ocorre após um míssil atingir, na manhã desta quinta-feira, um prédio do Hospital Soroka, localizado na cidade de Beersheva, no sul de Israel. O ministro acusou diretamente o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, pelo ataque.
“Khamenei se esconde em um bunker fortificado enquanto comanda ataques direcionados contra hospitais e áreas residenciais em Israel. Isso configura crimes de guerra gravíssimos, pelos quais ele terá de responder”, afirmou Katz.
Mais cedo, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu também reagiu duramente ao episódio, prometendo retaliação: “Os tiranos de Teerã pagarão caro pelo que fizeram.”
O ataque ao Hospital Soroka aconteceu por volta das 7h da manhã (horário local) e causou sérios danos a um dos edifícios do complexo médico. De acordo com a administração do hospital, algumas pessoas ficaram levemente feridas, mas não houve mortes registradas.
Putin pede trégua
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira (19) que sequer cogita a possibilidade de um atentado contra o líder supremo do Irã, Ali Khamenei. A declaração foi dada durante um encontro com agências internacionais no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, conhecido como o “Davos russo”.
“Ouvi esses rumores, mas não quero nem comentar. Não quero sequer considerar essa possibilidade”, disse Putin, ao ser questionado sobre a hipótese de assassinato.
A escalada das tensões no Oriente Médio, especialmente entre Irã e Israel — ambos aliados estratégicos de Moscou —, dominou boa parte da fala do chefe do Kremlin. Putin se colocou à disposição para atuar como mediador e sugeriu um cessar-fogo imediato entre os dois países.
“É possível encontrar uma solução. Os interesses do Irã quanto à energia nuclear pacífica podem ser respeitados, ao mesmo tempo em que se atendem às preocupações de segurança de Israel”, declarou o presidente russo.
Segundo Putin, essa proposta foi comunicada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e ao presidente iraniano, Masud Pezeshkian. No entanto, ele afirmou que Trump rejeitou a sugestão de mediação na conversa telefônica mais recente entre os dois líderes.
“Não estamos impondo nada. Apenas mostramos que há uma saída possível. Mas a decisão cabe a Irã e Israel”, pontuou.
Putin também negou que o Irã tenha solicitado apoio militar direto à Rússia, apesar do fornecimento prévio de drones Shahed por parte de Teerã nos primeiros anos da guerra na Ucrânia. “O Irã não nos pediu outro tipo de ajuda”, disse, lembrando que cerca de 250 técnicos russos continuam trabalhando na usina nuclear de Bushehr, no sul do Irã — empreendimento construído com apoio russo após o abandono do projeto por parte da Alemanha.
“Não saímos de lá. Isso já não é apoio?”, questionou, acrescentando que Israel garantiu a segurança dos engenheiros russos que atuam na instalação.
Putin também revelou que chegou a oferecer cooperação ao Irã no desenvolvimento de sistemas de defesa antiaérea, mas os iranianos não demonstraram interesse. Segundo ele, o acordo estratégico assinado este ano entre Rússia e Irã não inclui cláusulas de apoio militar — diferente do pacto firmado com a Coreia do Norte, que prevê assistência mútua em caso de agressão externa.
Por fim, o presidente russo alertou para os riscos de intensificação do conflito e voltou a defender que a via diplomática é o único caminho para evitar desastres maiores.