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14/11/2019 07:04h - Estados Unidos - Mundo

Por que americanos estão guardando dinheiro debaixo do colchão nos EUA

Os americanos se tornaram mais conservadores com seu dinheiro, aponta pesquisa - GETTY IMAGES

Temendo uma nova recessão da economia dos Estados Unidos, uma em cada cinco americanos está economizando dinheiro em casa, aponta um estudo da MetLife, a maior companhia de seguros de vida do país. Outra conclusão da pesquisa é que os americanos se tornaram mais conservadores com seu dinheiro e preferem tomar precauções deste tipo em vez de investir. Esse tipo de decisão tem seus riscos, uma vez que a inflação reduz o valor das cédulas — segundo indicadores oficiais, o país teve 2,4% de aumento de preços entre setembro de 2018 e setembro de 2019 — e que os poupadores deixam de contar com as garantias e eventuais vantagens de investimentos do sistema financeiro. Ao mesmo tempo, as taxas de juros bancárias nos Estados Unidos são muito baixas. Alguns dos grandes bancos comerciais oferecem retorno anual de 0,03% para as contas de poupança. Se adicionados os custos operacionais, é possível que o cliente acabe perdendo dinheiro. Outro sinal que reflete o clima entre os consumidores é que, de acordo com o estudo da MetLife, 41% dos americanos que têm investimentos afirmam que agora os revisam com mais frequência. Ou seja, existe uma sensação de insegurança, que pode ser momentânea, mas suas causas e consequências ainda não são claras. O medo de uma possível recessão Não há consenso entre economistas sobre a ameaça de uma nova recessão, normalmente definida como uma contração da economia por dois trimestres seguidos. Eles concordam que há sinais mistos e que o crescimento global está passando por um momento de desaceleração. Em outubro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu sua previsão de crescimento da economia global para 3% neste ano, abaixo dos 3,2% de seu relatório de julho passado. Se confirmado, o índice será o menor desde a crise financeira de 2008 e bem menor do que os 3,8% registrados em 2018. O FMI também reviu para baixo sua previsão para o próximo ano, de 3,5% para 3,4%. O FMI apontou como fatores as guerras comerciais, como a atualmente travada entre Estados Unidos e China, a incerteza do Brexit (processo de saída do Reino Unido da União Europeia) e outras crises geopolíticas e acrescentou que há uma necessidade "urgente" de líderes globais de trabalhar para reduzir as tensões. "As perspectivas globais continuam precárias. Com um crescimento de 3%, não há espaço para erros políticos", disse o órgão. O clima predominante nos mercados internacionais é de uma ansiedade que "se aprofunda a cada dia", observou a revista The Economist em um editorial recente. Um sintoma deste medo é o preço do ouro, refúgio por excelência para os capitais e que atingiu recentemente seu pico nos últimos seis anos. A economia dos EUA Ainda assim, apesar dos sinais negativos, os Estados Unidos têm a menor taxa de desemprego em meio século e experimentam o período mais longo de expansão econômica em sua história. Mas esse crescimento desacelerou no terceiro trimestre deste ano, ainda que tenha superado as expectativas de alguns economistas. Dados do Departamento de Comércio do governo americano indicam uma expansão do PIB de 1,9% nestes três meses, à frente dos 1,6% previstos. Isso é, porém, bem abaixo dos 3,4% registrados no terceiro trimestre do ano passado e o menor crescimento em 2019. O aumento do Produto Interno Bruto no trimestre anterior, até o final de junho, foi de 2%. Atualmente, de acordo com o site Bloomberg Economics, a chance de a economia americana entrar em recessão nos próximos 12 meses é de 27%. O cálculo desse índice é baseado em "uma gama de dados abrangendo condições econômicas, mercados financeiros e indicadores de estresse subjacente", para prever a probabilidade de desaceleração da economia. Incluem rendimentos, ganhos salariais reais, margens de lucro corporativas e pedidos semanais de benefícios de desemprego. O risco atual é mais do que o dobro dos 11% de novembro de 2018, mas é bem inferior aos 49,5% de dezembro do ano passado. Desde então, o índice caiu drasticamente e manteve-se na casa dos 20% desde abril. Para muitos economistas, a maior preocupação com as perspectivas dos Estados Unidos é o conflito comercial com a China e outros, escreve o repórter de economia da BBC Andrew Walker. "Os números mais recente mostraram um crescimento nas exportações após um declínio acentuado nos três meses anteriores. Mas foi um crescimento bastante fraco", diz Walker. "As importações, muitas das quais estão sujeitas a tarifas adicionais como parte desse conflito comercial, também foram mais altas, embora não acentuadamente, depois de dois trimestres em que não cresceram." O banco ou o colchão? Enquanto economistas e investidores discutem o futuro econômico global, os clientes dos bancos se perguntam o que fazer com seu dinheiro. Como ninguém sabe ao certo o que acontecerá, muitos especialistas em finanças pessoais nos Estados Unidos continuam recomendando que as pessoas invistam, em vez de ter a renda imobilizada no banco, sem o retorno oferecido pelos juros. Nesse sentido, as sugestões para poupadores são diversificar seus investimentos para reduzir riscos. "Ninguém conta para as pessoas que o dinheiro perde valor invisivelmente", diz o consultor e empresário Ramit Sethi. "Os jovens não estão investindo no mercado de ações" e economizar dinheiro não é suficiente "porque, para aumentar seu capital a longo prazo, você deve usar outras táticas mais eficazes, como investir". Mas a verdade é que a maioria dos cidadãos comuns, que podem economizar apenas parte de sua renda, veem Wall Street como algo muito distante do seu dia-a-dia. Ainda mais quando economizar dinheiro em casa parece ser uma boa opção. Talvez os fantasmas da grande recessão de uma década atrás não tenham se dissipado e é por isso que cerca de 40% dos americanos dizem que começaram a economizar para o caso de tempos difíceis, segundo o estudo da MetLife.

Fonte: BBC BRASIL

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