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13/01/2022 20:02h - Rússia - Mundo

Putin testa novo bombardeiro para ataques nucleares

Presidente russo testa novo bombardeiro para ataques nucleares - Reprodução/Divulgação.

Enquanto alimenta temores no Ocidente de que o impasse na Ucrânia possa se tornar uma guerra de fato com a Otan, a Rússia de Vladimir Putin vai afiando seu arsenal para tal eventualidade. Nesta quarta (12), foi realizado em Kazan o primeiro voo do Tupolev Tu-160M2, o mais recente bombardeiro estratégico para emprego em ataques convencionais e nucleares do país. Não é um projeto novo, ao contrário: conhecido no Ocidente como Blackjack e entre russos como Cisne Branco, o Tu-160 voou pela primeira vez em 1981 e estreou em operação seis anos depois, no ocaso da União Soviética. É a maior e mais pesada aeronave supersônica de combate em ação no mundo, personagem frequente de interceptações nos turbulentos mares Báltico, Negro ou Pacífico, e visto algumas vezes visitando bases aéreas na Venezuela. Recentemente, o aparelho foi enviado para patrulhas conjuntas com a Força Aérea de Belarus no espaço aéreo da ditadura aliada a Moscou, como forma de mostrar apoio na crise entre Minsk e a Polônia acerca de refugiados na fronteira. Foram feitos 27 aviões, dos quais 16 seguem voando. Desses, 7 são uma versão modernizada, a Tu-160M, com novos motores e aviônica digital. Mas o teste desta quarta é totalmente diferente. Em 2018, Putin determinou a encomenda de dez aviões que fossem refeitos completamente. Ou quase: levados os processos produtivos e de desenho para ambientes digitais, 80% dos sistemas do Tu-160M2 são novos, segundo a Tupolev. Não foi um processo sem percalços, como os acidentes e problemas a indústria aeronáutica russa demonstram. "O primeiro voo estava previsto para 2021, com entregas de 2023 até 2027", disse por mensagem o analista militar Mikhail Barabanov, do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias de Moscou. "Por fora o avião parece igual, mas é uma base completamente nova. Ela foi reconstruída do zero", afirmou o diretor-geral da Corporação Unida de Aeronaves, Iuri Sliusar, em comunicado. A holding engloba a Tupolev e outras fabricantes russas, como a Sukhoi, fazendo por sua vez parte do conglomerado estatal Rostec. Não há detalhe algum sobre novidades acerca do desempenho do Tu-160, nas versões atuais uma arma impressionante, com 54 metros de comprimento e 55 de envergadura, pesando vazio 110 toneladas e capaz de carregar 45 toneladas de armamento, seis mísseis de cruzeiro ou 12 mísseis com ogivas nucleares de curto alcance. Especialistas acreditam que a nova versão já está pronta para receber mísseis hipersônicos como o Kinjal, que já está em operação no ventre de interceptadores MiG-31K ou bombardeiros estratégicos Tu-22M. A aposta de Putin no Tu-160 decorre das capacidades da aeronave, uma versão maior e mais poderosa do americano B-1B Lancer. Ela tem asas com geometria variável para poder atingir até duas vezes a velocidade do som ao penetrar espaços aéreos hostis. Tem uma autonomia de 12,3 mil km --com reabastecimento aéreo, bateu em 2020 o recorde mundial militar, com 25 horas de voo e 20 mil km percorridos. Até hoje, só viu combate ativo na guerra civil da Síria, na qual Putin interveio em favor da ditadura local em 2015. A Rússia trabalha ainda no PAK-DA, uma aeronave subsônica em forma de asa voadora, semelhante ao americano B-2 Spirit e a seu sucessor já em construção, o B-21 Raider. Os testes no protótipo estão, segundo a imprensa russa, avançados. Como tem problemas crônicos de financiamento, Putin opta por aprimorar a frota existente de Tu-160, 61 Tu-22 e também 60 Tu-95, 18 dos quais são a versão modernizada MS deste mastodonte dos anos 1950 com quatro motores e oito hélices. Por Igor Gielow
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Fonte: Folha de SP

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