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10/07/2019 15:22h - França - Mundo

Tetraplégico chora ao descobrir que tribunal da França ordenou que ele morresse de fome

Homem tetraplégico chora ao descobrir que tribunal da França ordenou que ele morresse de fome

Vincent Lambert, um enfermeiro de 42 anos em Reims, na França, sofreu um acidente de carro em 2008, se tornando tetraplégico e com danos cerebrais extensos. O mais alto tribunal francês decidiu pela remoção de sua alimentação e hidratação. Em breve, Vincent estará literalmente morrendo de fome e sede. A ‘Cour de Cassation’ anulou um tribunal de recursos que tinha orientado os médicos a manterem Lambert vivo, enquanto se aguarda uma revisão da sua situação pelo Comité das Nações Unidas para os Direitos das Pessoas com Deficiência. Em breve, os médicos terão que remover sua hidratação e nutrição, mantendo-o o mais confortável possível, enquanto Lambert morre de sede e fome. Seu médico assistente, Vincent Sanchez, pediu à família Lambert que assegure que “o apoio à Vincent seja o mais pacífico, íntimo e pessoal possível”. A decisão não pode ser apelada na França, mas seus pais estão lutando contra a ordem e ameaçaram apresentar acusações por assassinato se a alimentação for retirada. Estado de saúde Vincent pode dormir e acordar, responder a algumas vozes, engolir e respirar sozinho. Ele não precisa e nem está recebendo tratamento médico. Ele não toma medicamentos, nem realiza cirurgias regulares, e não precisa de aparelhos para respirar. Vincent não está no final natural de sua vida. Ele não depende de máquinas para viver, mas depende da nutrição e da hidratação que são oferecidas de maneira especial, como muitas outras pessoas necessitam. No dia 21 de novembro de 2018, os peritos médicos, nomeados pelos tribunais, afirmaram que as “necessidades fundamentais e primárias de Vincent Lambert não revelam tratamentos médicos sem fim ou qualquer obstinação desarrazoada para esse fim, e que a situação médica de Vincent Lambert não possui medidas de emergência. ” “Reconhecidamente, sua alimentação e nutrição são realizadas por um tubo. Este método de administração constitui uma forma de cuidado. Mas o que é administrado não é medicação, nem tratamento, nem artificial: é comida, não é diferente do que é necessário para todos os outros seres humanos. Além disso, no caso específico de Vincent Lambert, é necessário notar que ele é capaz de engolir pequenas quantidades de comida”, concluíram os peritos médicos. No entanto, seus médicos nunca procuraram estimular essa capacidade, a fim de incentivar a recuperação de suas faculdades. Leis na França A França não permite a eutanásia, mas permite a retirada do suporte de vida, se o tratamento adicional for fútil e constituir “obstinação excessiva”, conforme definido por um estatuto sobre os cuidados no fim da vida. A maioria do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos apoiou esta decisão em um julgamento de 2015. No entanto, juízes dissidentes observaram que Lambert podia respirar sozinho, e sem uma máquina de suporte de vida, poderia digerir alimentos, embora ele tenha dificuldade em engolir. Além disso, não havia provas de que ele estivesse com dor. O Centro Europeu para o Direito e a Justiça, que acompanhou de perto o caso, advertiu que o caso de Lambert cria um precedente perigoso. “Desde então, Vincent Lambert tornou-se o símbolo da implementação da eutanásia na França. Em caso de eutanásia, outras 1.700 pessoas no mesmo estado de saúde na França poderiam sofrer o mesmo destino. A verdade é que, de acordo com sua condição médica, ele não está morrendo e poderia viver muitos mais anos, se não fosse pelo médico responsável por ele. ” Desacordos na Família A determinação dos pais de Vincent Lambert em salvar a vida de seu filho, apesar de sua condição altamente incapacitada, desperta admiração em muitos, mas também incompreensão e desprezo em outros. Os pais e a esposa de Lambert estão em desacordo. Os dois lados lutam nos tribunais há anos. Seus pais e dois de seus irmãos afirmam que ele está incapacitado, mas não é um doente terminal. Várias autoridades médicas reconheceram que Vincent poderia ser perfeitamente cuidado na casa de seus pais. Eles fizeram vários pedidos aos tribunais franceses e isso foi expressamente e sistematicamente recusado. Sua esposa, Rachel Lambert, e seis outros irmãos afirmam que ele não gostaria de ser mantido vivo em seu estado atual. A esposa, que é sua tutora legal sob a lei francesa, diz que seu marido lhe disse antes do acidente, que ele não gostaria de ser mantido vivo artificialmente – embora ele nunca tenha expressado isso por escrito. Vincent Lambert sofreu um acidente de carro em 2008. Mas apenas em 2013, após uma longa conversa com o médico Dr. Kariger, favorável à eutanásia, que sua esposa alegou que tal era a vontade expressa por seu marido. Opiniões divergentes O caso dividiu a França. Em maio, o Papa Francis twittou que era necessário “salvaguardar sempre a vida, o dom de Deus, desde o seu começo até o seu fim natural”. Já, o presidente Emmanuel Macron, rejeitou os pedidos de intervenção, alegando que se trata de um caso médico que deve ser decidido pelos médicos e pela esposa de Lambert. Em abril, 70 médicos e profissionais especializados no atendimento de pessoas com paralisia cerebral em estado vegetativo disseram em uma publicação coletiva de opinião, que “é óbvio que Vincent Lambert não está no fim da vida. A duração média de permanência em uma unidade de cuidados paliativos na França é de 16 dias. Vincent vive em uma unidade de cuidados paliativos há 10 anos. Isso mostra que ele não está no final de sua vida”. Estudos científicos De acordo com um estudo publicado no New England Journal of Medicine, cerca de 15% desses pacientes estão respondendo a comandos verbais em seus cérebros nos dias após a lesão, embora não haja nenhum sinal externo. “Este é um campo muito amplo. A compreensão de que, à medida que o cérebro se recupera, 1 em cada 7 pessoas pode estar consciente, muito consciente do que está sendo dito sobre elas”, disse Dr. Nicholas Schiff, do Weill Cornell Medical College, em Nova York, ao New York Times. “Isso mostra o quão pouco sabemos sobre o cérebro e a consciência deficiente? 15% dos 1.700 pacientes aparentemente “vegetativos”, são 255 pessoas que podem estar conscientes. E Vincent Lambert pode ser um destes”, completou Schiff. É claro que ninguém quer viver em tal situação, como a de Vincent Lambert. No entanto, é um sofisma concluir que se deve, portanto, sacrificar uma pessoa que vive em tal situação. A resposta de uma sociedade empática não deve ser convidá-lo a pôr fim à sua vida para não sofrer mais, mas tratá-lo e ajudá-lo a entender que a vida vale a pena ser vivida. Julgar o valor da vida de uma pessoa é perigoso. Quais critérios permitem dizer que vale a pena viver uma vida? Eles são universais e aceitos por todos? Apelo A mãe de Vincent Lambert, Viviane, renovou seu apelo pela vida do filho. “Ele dorme à noite, acorda durante o dia e olha para mim quando eu falo. Ele só precisa ser alimentado através de um dispositivo especial e seu médico quer privá-lo disso para que ele possa morrer, enquanto especialistas legais mostraram que isso não é necessário”, disse Viviane, segundo a Reuters. Ela também enfatizou que ele reagiu a sua voz, afirmando: “Em maio, quando ficou sabendo da sua morte planejada, ele chorou”.

Fonte: BioEdge, Life News, Live Action

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