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18/10/2018 15:55h - Venezuela - Mundo

Venezuela: sem dinheiro, mães estão dando seus filhos a famílias mais ricas

Sem dinheiro para sustentar os filhos, muitas mães na Venezuela têm optado por entregar as crianças a famílias mais abastadas. (AP Photo/Leslie Mazoch)

Em meio a uma grave crise financeira e com uma inflação que chega a 1.000.000% ao ano, a população da Venezuela tem enfrentado problemas que incluem a falta de alimentos, higiene pessoal e até de itens de saúde. Sem dinheiro para sustentar os filhos, muitas mães têm optado por entregar as crianças a famílias mais abastadas. “Eu pensei que, fazendo isso, conseguiria alimentar meus outros filhos e que minha bebê teria um futuro melhor. Me sinto arrasada por não tê-la comigo”, afirma Judith, em entrevista à BBC. Em outros casos, as crianças são entregues às autoridades para que sejam assistidas corretamente, mas muitas delas acabam indo parar nas ruas. Dados da ONU apontam que 87% dos venezuelanos vivem na pobreza, bem mais do que os 48% registrados em 2014. De acordo com a FAO, a agência das Nações Unidas especializada em agricultura e alimentação, entre 2011 e 2018 o número de cidadãos desnutridos no país saltou de 3,6% para 11,7%. No ano passado, os venezuelanos perderam 11 kg em média por causa da fome. Entenda A queda dos preços do petróleo, responsável por mais de 90% da renda no país, agravou as dificuldades enfrentadas pelos cidadãos e gerou um rombo nos cofres públicos, o que fez com que a inflação atingisse níveis alarmantes e sem nenhuma perspectiva de melhora. Diante do cenário, o governo decidiu cortar uma série de benefícios sociais, o que piorou a situação. Nova moeda No final de agosto, o governo implantou uma nova moeda, junto com uma série de medidas para tentar conter a inflação no país, o que foi chamado de “Programa de Recuperação Econômica, Crescimento e Prosperidade da Venezuela”, mas as mudanças parecem não ter dado resultado. Atualmente, um quilo de carne está custando um terço do salário mínimo, de US$ 30, pouco mais de R$ 110. Vendedores reclamam que a falta de clientes, os cortes de energia e o calor local têm feito com que boa parte dos alimentos apodreçam. Mesmo assim, a carne ainda é vendida, por cerca de 1% do valor total. Crescimento Nesta quarta-feira, 17, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) divulgou as estimativas de crescimento da região. A expectativa é de que a atividade econômica suba 1,3%, e não os 1,5% registrados anteriormente. Parte da queda acontece por conta da Venezuela, que deve registrar uma derrocada de 15% em sua economia. O presidente Nicolás Maduro tem afirmado que a culpa da crise no país é dos Estados Unidos e outros países que, segundo ele, participam de uma “agressão financeira contra o povo”. No último fim de semana, o Ministério da Comunicação emitiu um comunicado condenando “a realização de uma insólita reunião da qual participaram os ministros das Finanças de Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, França, Guiana, Itália, Japão, México, Panamá, Paraguai e Reino Unido, convocados pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, a fim de aumentar a agressão financeira contra o povo venezuelano”.

Fonte: YAHOO

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