Salário mínimo perde valor de compra pela primeira vez desde Plano Real

O presidente Jair Bolsonaro (PL) será o primeiro a terminar o mandato com o salário mínimo valendo menos do que quando assumiu. O caso não acontecia desde a implementação do Plano Real. O levantamento consta no primeiro relatório semanal de maio da corretora Tullet Prebon Brasil. Os dados mostram que no período de 28 anos, nenhum ex-presidente da República entregou um salário mínimo com menor poder de compra, seja no primeiro ou no segundo mandato. A corretora aponta que, ao fim de 2022, a queda no poder de compra será de 1,7%, caso a inflação não avance mais do que o esperado pelo Boletim Focus, do Banco Central. As estimativas do Banco Central são revisadas a 16 semanas. As previsões são de que o salário cairá de R$ 1.213,84 para R$ 1.193,37, entre dezembro de 2018 e dezembro de 2022. "Da ótica das contas fiscais da União, a perda retratada em nossa simulação para o mínimo estende-se, em realidade, a todos os benefícios e pagamentos corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — toda a folha da previdência, abono, Loas (Benefício de Prestação Continuada para idosos e pessoas com deficiência de baixa renda)", diz a corretora. Dois fatores explicam a perda inédita. Um deles é o ajuste fiscal, pelo peso do salário mínimo na indexação do Orçamento da União, ou seja, reajustes no piso têm impacto em uma gama de outras despesas, como benefícios sociais e gastos com Previdência. O segundo é a aceleração da inflação. Há três anos, não há reajuste do piso acima da inflação. O último foi em 2019, quando ainda prevalecia a regra de correção que considerava a inflação mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.