Felipe Corona/Especial para o Rondoniavip
O núcleo ICB-5, da Universidade de São Paulo (USP), localizado em Monte Negro (a 250 quilômetros de Porto Velho) vai realizar em breve, uma pesquisa para verificar a possibilidade da transmissão da Leishmaniose visceral canina (LVC) de cães para humanos.
Segundo informações repassadas pelo coordenador do estudo, o professor doutor Luís Marcelo Aranha Camargo, até o momento nenhum caso humano de Leishmaniose humana foi registrado em Rondônia.
Porém, casos caninos foram registrados nos últimos anos. Em 2010 na cidade de Monte Negro realizaram o primeiro estudo sobre leishmaniose canina em Rondônia por meio de análises de sangue, onde foram encontrados cães com anticorpos anti-Leishmania sem definir a espécie.
Ainda houve o primeiro caso de LVC em Cacoal, e em 2021, dois casos de LVC em Ji-Paraná. Ainda em 2021 foi publicado um caso de LVC em Rolim de Moura.
“Esses achados destacam a importância de avaliar a situação atual da LVC em Rondônia e risco para futuros casos humanos, uma vez que a LVC está em franca expansão no Brasil”, observou Luís Marcelo Aranha Camargo ao Rondoniavip.
Ele completa: “O resultado imediato é saber se um pequeno município da Amazônia brasileira, periférica à BR, como Monte Negro, tem leishmaniose visceral canina, sim ou não. Se tem leishmaniose visceral humana? Sim ou não. Tem potencial de transmissão de canina para humana? Tem o mosquito competente para isso? São só duas espécies que transmitem. Um estudo que fiz 20 anos atrás mostrou que existe a espécie, que se chama Lutzomyia longipalpis”.
Coleta
O plano de trabalho prevê que serão estudados os Setores 1, 2, 3, 4 e setor Bela Vista, em Monte Negro. Nos dias de abordagem, de 5 a 10 casas serão visitadas com ao menos um cão serão abordadas. A coleta de sangue e captura se estenderá por 12 meses de fevereiro/2024 a janeiro/2025.
Monte Negro tem população estimada de 12.150 habitantes, sendo 5.520 em área urbana, considerando que há um cão para cada seis habitantes, sendo o número de cães estimado em 430 no município. Serão coletados 5mL de sangue da veia jugular de cada um dos 430 cães domiciliados amostrados na área urbana.
Para o futuro, os pesquisadores querem expandir a mesma pesquisa para outras cidades rondonienses.
“A ideia é expandir para outros locais onde não sabemos se há ocorrência dessa doença. São 52 municípios. Ainda há o Acre, o Sul do Amazonas, onde há pouca informação. A ideia é aperfeiçoar a pesquisa e replicar para outras áreas para verificar se há essa doença, pois ela é de alta letalidade, ou seja: mata muito”, comentou Luís Marcelo Aranha Camargo.
Ele espera que as autoridades tomem providências após a divulgação dos resultados da pesquisa. “A atuação do Poder Público foge da nossa alçada. O pesquisador levanta a bola, mostra onde está o problema e o governo tem que entrar com ações. No caso de haver a doença, de minimizar os impactos e controlar o vetor, que no caso é o mosquito”, destaca.
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