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06/09/2019 07:07h - Porto Velho - Sérgio Pires

Um lado da história que não fez parte dos comentários do presidente

Opinião de Primeira por Sérgio Pires

Um pouco de História não faz a ninguém. A ditadura militar no Chile, que durou 17 anos, foi mais curta que o período dos milicos no poder no Brasil (20 anos), mas foi muito mais sanguinária e eivada de extrema violência. No auge do combate ao comunismo na América Latina, quando governos esquerdistas tomavam conta de vários países (Argentina, Uruguai, Brasil, Chile, Paraguai...), a direita reagiu, praticamente em todos esses países, com apoio de grande parte da classe média e dos ricos. O Chile viveu, entre 1973 e 1990, mas principalmente nos sete anos da década de 70, um período sangrento, com repressão, tortura, assassinatos, desaparecimentos. O então presidente eleito, Salvador Allende, morreu resistindo ao golpe, dentro do Palácio de La Moñeda. O ataque ao Palácio teve o uso até de aviões, jogando bombas contra o pequeno núcleo resistente do governo comunista. A versão oficial é de que Allende, cercado e prestes a ser preso, teria cometido suicídio. Será essa mesmo a verdade? O que Bolsonaro não comentou, mas deveria fazê-lo, é que foram mortos no período Pinochet, cerca de três mil chilenos, velhos, homens, mulheres, jovens, todos adversários do regime ditatorial, que assumia o comando do país. Vários dos assessores e militares da época Pinochet foram condenados por crimes contra a Humanidade, embora julgados sempre com parcialidade, por seus adversários, que dominam os órgãos de julgamento em Cortes mundo afora. No Brasil, nos 20 anos dos governos militares, a mortes chegaram a cerca de 300 pessoas, para se ter uma comparação neste contexto, Quando Bolsonaro respondeu com dureza e agressividade à ex presidente Michele Bachelet, hoje representante da extrema esquerda latino americana, que está na ONU, para defender os direitos humanos (e os defende apenas dentro da sua ideologia), não mentiu, mas exagerou, como quase sempre o faz. O Presidente brasileiro falou a verdade, mas apenas uma meia verdade, ao citar só um lado da História. Tinha obrigação de lembrar da extrema violência com que Pinochet tratou seus adversários, numa ditadura cruel e eivada de crimes contra seu próprio povo. Nem direita, nem esquerda. Nem os militares e nem os comunistas que querem o poder a qualquer custo. Cada vez fica mais clara a doce verdade: não há regime político melhor do que o democrático. Não a democracia da esquerda ou a da direita. Apenas a verdadeira democracia. Os exemplos de Cuba dos Castro e do Chile de Pinochet, mostram que esses extremistas são amantes da ditadura, jamais de regimes verdadeiramente democráticos. Há que se aprender com a História, para que não permitamos que seus erros sejam novamente cometidos, coisa que, ao que parece, não estamos fazendo, já que os grandes e trágicos eventos do passado estão voltando. O INESQUECÍVEL ODACIR LUTA PELA VIDA A um mês de completar 81 anos de idade, o senador Odacir Soares, um dos personagens inesquecíveis da história política de Rondônia, luta pela vida na UTI de um Hospital de Brasília. Acriano de nascimento, Odacir se notabilizou pela forma como atuou na política rondoniense, com vários mandatos, incluindo o de Prefeito de Porto Velho por duas vezes e por sua passagem muito importante no Senado. Foi um dos três senadores que permaneceram fieis a Collor de Mello no processo de cassação. Odacir foi jornalista e atualmente comanda uma rede de emissoras de rádio no Estado, a Rádio Rondônia FM. É um personagem sempre lembrado e reverenciado, por tudo o que fez por seu Estado e sua gente. Torcida geral para que ele consiga superar essa enorme dificuldade pela qual está passando e retorne logo, recuperado. SUSTO NOS DEPUTADOS Na Assembleia Legislativa, um dos temas mais quentes dos últimos dias nada têm a ver com discursos, sessões, aprovações de projetos ou reuniões políticas. O susto se estabeleceu entre os parlamentares, quando cinco deles tiveram seus celulares clonados e os criminosos começaram a mandar mensagens a esmo, como se fossem os próprios deputados, pedindo dinheiro emprestado. Imagine-se só o rolo que isso representa. Os deputados que tiveram os celulares invadidos: Anderson Pereira, Ismael Crispim, Jair Montes, Jean Oliveira e Rosângela Donadon. Todos denunciaram os casos à polícia e estão pedindo investigações e a punição dos responsáveis. Os malandros são tão bons na invasão de celulares que também respondiam mensagens pessoais como se fossem os próprios deputados. E quando um deles tentou avisar aos seus contatos que seu celular estava invadido por hacker, o próprio hacker apagou a mensagem. Até esta quinta, ninguém havia sido denunciado ou preso. UMA OPERAÇÃO CONTESTADA Prisões, mandados de busca e apreensão, sequestro e indisponibilidade de bens: tudo isso aconteceu em Porto Velho, nessa semana. Uma grande operação da Polícia Federal, com apoio do Ministério Público Federal, cumpriu mandados judiciais contra importantes membros da administração municipal e empresários, suspeitos de desviar dinheiro do transporte escolar. A grande surpresa foi o envolvimento do nome da titular da Superintendência de Licitações, Patrícia Damico, considerada uma pessoa de reputação ilibada, tão séria e dedicada a ponto de ter sua cabeça pedida, ao Prefeito, por muitos que consideram que ela é exigente demais, em cada passo dos processos que coordena. Era considerada inatacável. Não há qualquer sinal de envolvimento direto dela com os empresários, que fraudaram documentos para ganhar licitações da Prefeitura. O prefeito Hildon Chaves, em entrevista coletiva, refutou as acusações contra membros da sua equipe, afirmando que não há qualquer prova de pagamento de propina ou alguma vantagem a quem quer que seja, na Prefeitura. Chaves, ele acima de qualquer suspeita, disse que, dentro da administração, tudo tem sido feito de forma correta. Fica no ar, contudo, o questionamento: por que várias instituições, como CGU, PF e MPF realizaram uma operação, apoiada pela Justiça, inclusive com prisões? A menos que estejamos diante de um caso absurdo de injustiça, há algo a ser esclarecido, é claro! ATÉ TU, SEDAM? Chegou à Assembleia mais um problema grave envolvendo moradores em área em que o Estado considera como de proteção ambiental, mas onde há famílias, principalmente pequenos produtores, que vivem de extrativismo e criação de pequenos animais. O novo caso envolve trabalhadores rurais da unidade de conservação reserva Extrativista Aquariquara, na pequena Vale do Anari, na região que envolve Ariquemes, Machadinho do Oeste e outras localidades. Um grupo de representantes das 28 famílias que vivem na área denunciam exageros da Sedam e da Polícia Ambiental. Um deles disse que recebeu uma multa de 3 mil reais por estar criando um porco, o que, segundo o pequeno produtor, é totalmente legal. O assunto está seno intermediado pelo deputado Alex Redano e já chegou à Comissão de Meio Ambiente da Assembleia. Os deputados Anderson Pereira, Cirone Deiró e Chiquinho da Emater, que compõem a comissão, estão tratando do assunto e exigindo solução. Outra denúncia que chegou ao grupo de parlamentares é de que uma casa de um proprietário teria sido incendiada. Caso se comprove a verdade na ação, ela vai totalmente contra o que anunciou o governador Marcos Rocha, que proibiu a queima de máquinas e bens em qualquer ação da Sedam. Que tudo seja esclarecido. TRÊS VOTOS QUE OUVIRAM A VOZ DAS RUAS Os protestos do país contra o possível absurdo aumento do Fundo Eleitoral e vantagens como uso do dinheiro, que é público, para pagamento de advogados em processos a que os políticos respondem, aparentemente nada adiantaram. Nem a volta do tenebroso Horário Eleitoral Gratuito, fora do período eleitoral e muito menos a autorização para que as multas eleitorais aplicadas a partidos possam ser pagas com o fundo, nosso dinheiro, foram retiradas no novo projeto, aprovado a toque de caixa pela Câmara Federal. Com apoio de três dos nossos deputados: Coronel Chrisóstomo, Jaqueline Cassol, Expedito Neto. Outros três ouviram os gritos indignados das ruas e votaram contra: Léo Moraes, Mauro Nazif e Mariana Carvalho. Lúcio Mosquini e Silvia Cristina não participaram da votação. O projeto foi aprovado por 263 votos a favor e 164 contra. Mais um feito do Congresso contra o que pensa o brasileiro comum. O Fundo Partidário poderá ter mais de 3 bilhões de reais, dependendo do orçamento da União. Enquanto isso, por falta de recursos, o governo corta bolsas de estudos de jovens cientistas do país inteiro. É o Brasil, infelizmente ! UM PLANO PARA ALÉM DE 2022 O governo do Estado lançou seu grande plano estratégico para os próximos anos, criado a partir de uma série de projetos que pretende ver concluídos até o final do mandato de Marcos Rocha, no final de 2022 e, mais ainda, alguns que poderão ficar para um segundo mandato ou para seu sucessor. Mais de 300 propostas, algumas bastante audaciosas, foram lançadas, através de propostas vindas de todas as secretarias. O lançamento do Plano Estratégico foi realizado no Teatro Guaporé, ante grande público e parte da imprensa convidada. Destacam-se, nele, ações vitais para o Estado, como a construção do novo Hospital e Pronto Socorro de Porto Velho (Marcos Rocha disse que já há recursos para isso); obras de recuperação da malha viária do Estado e muitos outros grandes desafios. O Plano Estratégico teve o dedo importante do chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves, que coordenou toda a ação. MILITALIZAR OU NÃO: EIS A QUESTÃO! Os que defendem cada vez mais escolas militarizadas, como as que estão sendo implantadas em Rondônia e outras 216 que o governo federal pretende criar em todo o país, segundo anunciou o Presidente Bolsonaro, se apoiam em muitas razões, mas não necessariamente apenas nas que envolvem a qualidade do ensino, comprovadamente melhor do que outros educandários. Um dos principais motivos é que, nelas, não se registram violência e os estudantes cumprem um regime disciplinar incomparável. A grande violência registrada nas salas de aula, em escolas comuns, é um dos principais motivos alegados pelos que apoiam a militarização. Todos os dias se registram casos semelhantes, em todo o país (incluindo-se aí o lamentável assassinato de professores), como aqui mesmo, perto de nos. O último foi registrado pelas redes socais no final da tarde de quarta-feira. Duas estudantes, na faixa etária dos 15 anos, mostraram cenas de pugilato defronte a Escola Mariana, no bairro São Francisco. O motivo: publicações idiotas nas redes sociais. Em áreas onde as escolas são geridas por militares, os índices de violência caíram também no entorno. Mas tem quem prefira que tudo continue como está... PERGUNTINHA Você que gosta de futebol, acha que quem merece os 52 milhões de reais a serem pagos ao campeão da Copa do Brasil é o Internacional de Porto Alegre ou o Atlético Paranaense?
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Fonte: Sérgio Pires

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