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20/12/2022 09:04h - Brasil - Andrey Cavalcante

Com mais discursos, diplomação de eleitos no DF vira palanque ideológico

Autorização inédita de mais pessoas usando o microfone leva clima eleitoral à cerimônia do TRE-DF. Primeira-dama Michelle Bolsonaro esteve presente, sob vaias e aplausos da plateia inflamada. Ibaneis Rocha, com covid, não compareceu. Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A. Press

A diplomação dos 37 candidatos eleitos em outubro para o Executivo e Legislativo no Distrito Federal não amenizou o clima de disputa ideológica que marcou a campanha para o pleito de 2022. A mudança de protocolo, que permitiu que representantes dos cargos eleitos discursassem na solenidade realizada nesta segunda-feira (19/12) à noite, gerou uma atmosfera inflamada entre os presentes na plateia do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. No início da solenidade, ao ser anunciada a presença da primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, o público se manifestou por meio de vaias e aplausos. Apoiadores do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), e do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se revezaram com palavras de ordem. Da parte que se posicionou a favor do petista foi possível ouvir gritos como "fora, Bolsonaro!". Dos que apoiam o atual chefe do Executivo, ecoou um coro de "mito!" e "Lula, ladrão! Seu lugar é na prisão!" Em seguimento ao rito protocolar da cerimônia, o presidente do TRE-DF, Roberval Belinati, em seu discurso inicial, destacou o momento de festa. "Comemoramos a democracia brasileira. A Justiça eleitoral realiza a diplomação dos 37 candidatos eleitos em outubro de 2022", frisou, reforçando a intenção de promover um espaço livre ao quebrar a tradição do órgão, que, até então, apenas concedia a palavra ao governador eleito no ato. Pela primeira vez, os mais votados como deputado distrital, para a Câmara Federal e para o Senado tiveram microfone aberto no palco. Ao ser diplomado como deputado distrital, Fábio Félix (PSol) discursou em nome dos outros 23 parlamentares que ocuparão cadeiras na Câmara Legislativa do DF. No palco, a bandeira do movimento LGBTQIA em suas mãos simbolou o orgulho. "O deputado distrital com a maior votação registrada é um LGBT assumido. Isso é a demonstração de que a democracia não morreu", afirmou. Félix mencionou, ainda em seu discurso, os atos antidemocráticos da semana passada, que trouxeram um clima de terror à capital do país horas após a diplomação de Lula e do futuro vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Não é admissível que não haja uma pessoa responsabilizada pelos atos violentos e antidemocráticos praticados no dia 12", declarou o deputado diplomado em segundo mandato. "Aqueles que espalharam mentiras sobre as urnas eletrônicas reconhecem que as urnas que elegeram o governador do DF são as mesmas que elegeram o presidente Lula", completou. No mesmo tema, porém de lado oposto, a representante dos oito deputados federais eleitos pelo DF, Bia Kicis (PL), lembrou ser a autora da PEC 135/2019, que pedia o voto impresso auditável. "Hoje lutar pela liberdade e pela verdade está se tornando um crime. Tudo que eu quero é transparência e justiça", defendeu. "Sofri muita resistência, porque aqueles que se dizem pregadores do amor não pouparam um minuto de ódio à minha pessoa com as mais deslavadas mentiras, as mesmas dirigidas a um homem patriota, Jair Messias Bolsonaro", acusou a parlamentar. A senadora eleita Damares Alves (Republicanos) também enalteceu Bolsonaro, mas trouxe um tom pacifista ao evento ao defender a união dos representantes que tomarão posse em 1º de janeiro em favor da população da capital do país. "Os palanques precisam ser desmontados imediatamente. Precisamos nos unir pelo nosso povo, que está em sofrimento", afirmou. A ex-ministra também destacou o protagonismo das mulheres nestas eleições. "Nessa eleição, as mulheres fizeram bonito. Foram mais de 200 candidatas a distrital e 60 a federal. Mesmo assim, sonho que mais mulheres venham para a disputa eleitoral. Queremos mais mulheres na política", desejou. "Sonho com um pleito em que a mulher não seja mais xingada, estigmatizada e constrangida", apontou a nova ocupante de uma das três cadeiras do Senado, que, pela primeira vez, terá uma maioria feminina na bancada brasiliense — as outras duas vagas são ocupadas por Leila do Vôlei (União Brasil) e Izalci Lucas (PSDB). Por Arthur de Souza e Mila Ferreira / Correio Braziliense

Fonte: Correio Braziliense

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