06/05/2025 10:45h - Porto Velho - Geral

Localidades atingidas pela cheia no Rio Madeira recebem barco da Justiça

Além dos atendimentos, são distribuídas cestas básicas e até ração para cães

O Barco sequer conseguiu chegar às margens das localidades de Ressaca e Papagaios. Por conta do nível do Rio Madeira, além do barranco, é perigoso ancorar próximo à terra firme, que nem está tão firme assim. Ao contrário, está mole e barrenta, difícil de caminhar. Então o barco ficou a alguns metros, e as canoas foram chegando com as pessoas em busca de atendimento. As “voadeiras” como são chamados os pequenos barcos dos ribeirinhos, ficaram estacionadas e formaram um congestionamento até que todos os serviços fossem realizados. O esforço para subir no barco da Justiça é uma metáfora da vida do ribeirinho, que se equilibra e persiste para ter acesso a direitos básicos, que nem sempre podem alcançar. Como tudo acontece no barco, inclusive a fila para o atendimento, o espaço fica mais apertado. Nada que prejudique o trabalho de uma equipe aguerrida e preocupada em suprir todas as necessidades da população das duas localidades. Ao todo foram 271 atendimentos em Ressaca e 390 em Papagaios, a maioria busca por documento de identidade. E também a maioria aproveitou mais de um serviço ofertado pela Justiça Itinerante como o casal Manoel Marque Laborda e Ângela Maria Ramos Vieira, que depois de 33 anos de união, aproveitou a presença da Justiça para se casar. “É sonho de todos, né?”, disse Ângela já com a certidão nas mãos. Tereza Gomes Ramos, que mora na Ilha de Assunção começou o atendimento em Ressaca, onde o registro de nascimento foi atualizado. Já em Demarcação, voltou para fazer o RG, CPF e título de eleitor. “Fomos muito afetados pela enchente, a roça foi alagada e até um pedaço da minha casa ficou debaixo d´água”, contou a agricultora que perdeu a plantação de mandioca e banana. Além do atendimento ganhou cesta básica. “Chegou em boa hora, fico muito agradecida. Fui muito bem recebida pela equipe toda”, finalizou Carlos Magno Souza, que atendeu Tereza, lembrou que foi necessário fazer uma restauração do registro da agricultora. “Imagina se fosse em Porto Velho, levaria mais tempo e geraria despesas. De forma ágil e não burocrática, ela saiu com todos os documentos e a cidadania plena. É muito gratificante realizar esse trabalho. Sinto orgulho de fazer a diferença na vida dessas pessoas”, refletiu. Nas duas localidades foram distribuídas cestas básicas, fardos de água mineral e até ração para cães, que também sofrem muito com a enchente. Alagamentos A equipe psicossocial aproveitou para fazer algumas visitas. De voadeira, foram até as casas dos ribeirinhos divulgar programas do Tribunal de Justiça, direitos e fazer acolhimento de situações geradas pela enchente. Como na casa de Emiliana Ramos de Souza, 64 anos, que nasceu e viveu a vida toda em Ressaca. Agricultora aposentada contou que a enchente acabou com toda a plantação de banana da comunidade. “Também não tem como fazer farinha, a roça foi alagada. Só no ano que vem que vamos plantar de novo”, disse. Emiliana contou, ainda, que faz dois meses que o Rio está assim, mas já esteve com nível mais alto. Mostra onde a água alcançou sua casa, acima do assoalho. Em algumas das famílias, a equipe psicossocial se deparou com situações que já viraram processos, com pedido de medida protetiva e ainda denúncia de abuso sexual contra uma criança. “Nosso trabalho é orientar e também informar sobre o andamento e próximos passos do processo, por isso pegamos os dados para verificar”, explicou a psicóloga do TJRO Ana Paula Fróes Camurça.

Fonte: TJ/RO

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