Brasileiros em situação irregular em Portugal serão deportados

Maria é o nome fictício da cearense que mora em Portugal há 1 ano e meio, desde que decidiu imigrar em busca de uma vida melhor. Ela pediu para não ter o nome revelado, preocupada com a situação irregular no país. Maria é casada e mãe de dois filhos menores de idade. Na região do Porto, em Portugal, a brasileira é manicure, profissão que já exercia há 7 anos em Fortaleza, no Ceará. "Decidi imigrar para oferecer uma situação financeira mais confortável para a minha família. Todo inicio é complicado, já sabiamos disso. O meu marido é garçom, e juntos conseguimos nos manter. O mais dificil, infelizmente, é conseguir fixar residência e assim legalizar toda a nossa situação como imigrante". Como a família de Maria, outras 18 mil pessoas estão irregulares e devem ser notificados para deixar o país nos próximos dias. O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, declarou que imigrantes em situação irregular "terão de regressar à sua origem". O Brasil, com cerca de 600 mil residentes, é a maior comunidade de imigrantes em território luso. A atual política imigratória não representa "portas fechadas e nem portas escancaradas, mas sim, regras claras", completou Montenegro. A afirmação foi feita durante comício da Aliança Democrática, em meio à aplicação de uma nova política de imigração que prevê a notificação de 4.574 estrangeiros para saída voluntária do país. As notificações são parte de um processo que abrange 18 mil pedidos de regularização negados pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo. Segundo informações do governo Português, os imigrantes terão 20 dias para sair voluntariamente, para que não sejam alvos de processo de expulsão administrativa. "O governo agora quer radicalizar um processo que eles mesmos impõem regras burocráticas, e quase impossíveis de resolver em tempo hábil", critica a manicure. Procurado pelo Portal iG, o Itamaraty afirmou que o Ministério das Relações Exteriores do Brasil acompanha de perto o tema, e está em contato direto com as autoridades locais. Em entrevista ao portal português de notícias Público, o embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro, disse que pedirá uma reunião com o ministro da Presidência, Antônio Leitão Amaro, para obter mais informações sobre o processo de expulsão dos brasileiros que estão em situação irregular no país. "Não queremos que seja dado tratamento especial aos cidadãos do Brasil ou que a legislação portuguesa não seja aplicada. Queremos saber apenas em que condições os imigrantes em geral serão expulsos", comentou Carreiro. Por Patrícia Calderón