06/06/2025 08:40h - Brasil - Política

Artigo de opinião: O Brasil cansou de Lula e Bolsonaro

Lula e Bolsonaro não são mais unanimidade nem entre lulistas e bolsonaristas, aponta pesquisa Genial/Quaest que indica desgaste dos dois polos da política brasileira - Foto: Reprodução

Lula sustentou uma candidatura presidencial inviável em 2018, e conseguiu colher seus frutos em 2022. Jair Bolsonaro segue na mesma linha, sustentando uma candidatura presidencial inviável para 2026, e sabe-se lá quando colherá seus frutos. O certo é que as empreitadas do petista e do presidente de honra do PL transcorrem às custas da saúde política e institucional do Brasil. Lula, que hoje posa de defensor do Supremo Tribunal Federal (STF), desafiou todo o Judiciário brasileiro ao manter sua candidatura presidencial mesmo dentro da cadeia. Bolsonaro, por sua vez, deu pretextos para os ministros do STF exercerem poderes que eles nem sequer têm, com seus desafios infantis e um autoritarismo estéril, que vem sendo usado há anos como desculpa para ampliar o escopo de atuação política e legislativa do Supremo. Os bolsonaristas podem argumentar que foi Lula que começou tudo isso, e é verdade. Foi o petista que emplacou, no período pós-redemocratização, o populismo mais rasteiro, beneficiado pela herança econômica bendita de Fernando Henrique Cardoso, algo que Fernando Collor não teve. Antídoto degradado Bolsonaro surgiu como o antídoto possível a Lula, mas, pela própria natureza da disputa travada entre os dois, degradou-se ainda mais rápido do que o petista, que vinha se desgastando aos poucos, via mensalão, Dilma Rousseff, petrolão… O resultado disso é que, hoje, os dois não são mais unanimidade nem entre seus eleitores mais fiéis, aqueles que se dizem lulistas e bolsonaristas. Pesquisa Genial/Quaest indica que 15% dos lulistas não gostaria de ver Lula candidato de novo — destaque-se que o petista não permitiu que nenhuma alternativa surgisse à sua sombra, o que talvez deixe seus fãs sem alternativa. Na esquerda, o percentual de rejeição sobe para 37%. No caso de Bolsonaro, que está inelegível e tenta forçar candidatura mesmo sob julgamento no STF por tentativa de golpe de Estado, a rejeição no próprio eleitorado é ainda maior: 38% dos bolsonaristas preferem que ele apoie outro candidato. A proporção sobe para 55% no eleitorado de direita. Governos fracos É claro que os torcedores mais fervorosos de cada um dos times dirão que esses números não refletem a realidade, que foram manipulados, porque os artistas gostam de Lula e Bolsonaro reúne pequenas multidões por onde passa, ou qualquer outra teoria para maquiar a realidade. Quando se sai da dualidade, contudo, o cansaço do eleitorado fica bem mais evidente: 70% daqueles que não têm posicionamento político acham que Bolsonaro deveria escolher logo um candidato para 2026, e 73% preferem que Lula não concorra à presidência mais uma vez. Infelizmente, essa rejeição indicada em pesquisas de opinião pode não ser o bastante para desmotivar Lula e Bolsonaro de seguirem disputando os corações dos brasileiros, mas sugere que um próximo governo desses dois será tão ou mais fraco do que o atual. E é o Brasil, mais do que Lula ou Bolsonaro, que pagará o maior preço por isso. Por Rodolfo Borges

Fonte: O antagonista

Notícias relacionadas